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Equipe de Bortoleto prevê início duro em 2026 e já busca revisão nas regras

O chefe da operação da Audi na F1 - e de Gabriel Bortoleto -, Mattia Binotto, não cria expectativas irreais. Ele sabe que, por mais que os alemães tenham larga história no automobilismo e tenham uma infraestrutura que não está atrás de Mercedes, Ferrari e Honda, a falta de experiência com as especificidades de fazer um motor na categoria e alguns atrasos no projeto vão cobrar seu preço quando a temporada de estreia da Audi chegar em 2026. E briga nos bastidores para ter como tirar o mais rápido possível esse prejuízo.

Em entrevista ao UOL, Binotto detalhou o que busca em negociações que ainda estão em andamento: um sistema que permita que quem está atrás no rendimento dos motores tenha mais tempo de desenvolvimento, em regra similar ao que ocorre atualmente com os carros. Ele tem o apoio principalmente da Red Bull Powertrains, que está no mesmo barco da Audi.

Acho que o regulamento atual é muito espetacular porque houve uma convergência [de rendimento]. E acho que todos os regulamentos precisam, em algum momento, ter uma convergência de desempenho. Pode haver discrepância no início do regulamento, mas depois, com as temporadas, uma convergência é necessária para aumentar o espetáculo e, de alguma forma, torná-lo mais espetacular.
Binotto

Portanto, tudo o que pudermos fazer para acelerar a convergência seria importante para o esporte. Se você tem um chassi de baixo desempenho e não é o melhor na classificação entre as equipes, você tem mais tempo de túnel de vento. Acho que é muito semelhante para a unidade de potência. Então, se você não for o melhor, deveria ter mais dinamômetros, oportunidades e liberdade para desenvolvimentos. É um mecanismo que existe para o chassi que estamos tentando implementar para a unidade de potência. E eu acho que é necessário.

Como determinar quem tem o melhor motor?

A ideia defendida por Binotto encontra o seguinte entrave atualmente: embora haja a compreensão na F1 (leia-se, Liberty Media, detentora dos direitos comerciais), na FIA (a federação, que faz as regras) e entre as equipes de que a convergência de rendimento é saudável para o esporte, a dificuldade de montar um sistema que compense a falta de rendimento do motor com mais tempo de desenvolvimento é estabelecer como isso seria calculado.

Isso porque, no exemplo dado por Binotto, do desenvolvimento de túnel de vento, a pontuação do campeonato é usada. Mas, no caso do motor, como separar o que ele representa e o quanto vem do carro? E como quantificar isso?

O número com que a FIA trabalha atualmente é de 3%. Se um motor entrega 3% a menos de potência que o melhor, poderia usar mais tempo de desenvolvimento. E a dificuldade no momento é entender qual é a maneira mais confiável de se medir isso.

A FIA propôs o uso de um sensor nos eixos de transmissão, mas ele é caro e atrapalha a aerodinâmica, então foi vetado pelas equipes. E agora busca-se uma nova solução.

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"Esse mecanismo que você mencionou é um elemento-chave", disse Binotto quando questionado pelo UOL sobre o assunto. "Todos entendem a importância de ter um grande espetáculo, uma grande briga para os torcedores e para o negócio."

O que esperar da Audi em 2026?

Então quer dizer que, se Binotto conseguir o que busca nos bastidores, dá para esperar que a Audi lute por vitórias mais cedo do que se imagina? O suíço-italiano segue cauteloso.

Não faço ideia de como será. Nosso objetivo é 2030 e o Gabriel sabe disso. A temporada de 2026 é uma etapa do nosso caminho pelo sucesso. Não é um destino final. Sabemos que estamos atrás dos concorrentes em termos de organização e em termos de adaptação a esse nível de competição. Mas sinto que estamos indo na direção certa, que cada decisão que tomamos é a decisão certa. Vai levar algum tempo. Pode ser instável no início, mas estou otimista de que, mais cedo ou mais tarde, chegaremos lá.

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