Grosso do desmatamento é da especulação imobiliária, diz líder pecuarista

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O pecuarista Mauro Lúcio, presidente da Acripará (Associação de Criadores do Pará), defendeu hoje que a principal causa do desmatamento na Amazônia atualmente é a especulação imobiliária rural, não a agropecuária.
O que aconteceu
Segundo o pecuarista, especuladores desmatam a floresta e plantam pasto por "ser barato". Mas o objetivo não seria cultivar gado e sim valorizar a terra para o futuro, mesmo que ela não esteja devidamente registrada, acusou Lúcio, durante o TEDxAmazônia, um evento pré-COP30 realizado em Belém, sede da conferência internacional em novembro.
"O grosso do desmatamento é feito pela especulação imobiliária", afirmou o pecuarista. "Garanto a vocês que [o desmatamento ilegal] não é com o intuito de fazer pecuária, porque a maioria dos pecuaristas falam que o negócio não é rentável. Então se o negócio de praticar pecuária não é rentável, por que desmatar para poder fazer pecuária? O que é muito rentável é a valorização, a especulação imobiliária."
Na verdade, a floresta não é valorizada o tanto que ela merece ser e as áreas desmatadas valem mais do que as áreas de floresta. [...] O dia em que a terra desmatada ilegalmente não tiver mercado, o desmatamento acaba. É simples assim.
Mauro Lúcio, presidente da Acripará
Sua fala no TEDxAmazônia foi voltada em especial à defesa da pecuária legal. Em um ambiente de maioria ambientalista, ele foi apresentado como "pecuarista, sim", em tom de suspense, "mas ambientalista também" e fez uma defesa da floresta, mirando no desenvolvimento sustentável.
"É [preciso fazer] um trabalho respeitando as áreas de floresta e nas áreas que a gente pode produzir", disse o pecuarista. "Nas áreas em que a gente pode trabalhar, nós devemos melhorar e trabalhar a fertilidade, o manejo das pastagens, aonde a gente tem uma atividade com nível de lucratividade bem maior e isso vai trazer dignidade para as pessoas, qualidade de vida. Nós vamos melhorar para todos."
À frente de ativistas e movimentos ambientalistas, Lúcio pregou a produção responsável e criticou a falta de fiscalização para regularização das terras rurais. Dono de grandes fazendas no Pará há 45 anos, ele diz que é exatamente pela facilidade com que as terras invadidas ilegalmente são comercializadas e geram lucro que o desmatamento aumenta. "É só aplicar legislação [de regularização fundiária], é só ser mais eficiente na aplicação", pregou.
Eu posso falar para vocês que uma fazenda que não está dentro da legalidade é vendida e transferida normalmente. A coisa que a gente não consegue fazer com um veículo! Se nós vamos vender um veículo e esse veículo tem uma multa, ele não é transferido. Se esse veículo tem algo de errado nele, se não está condizente, se ele não tem um para-brisa, ele sofre uma vistoria, ele não é transferido. E como que nós transferimos propriedades sem ter nada, sem ela estar dentro da legislação, sem ela estar legalizada?
Mauro Lúcio, presidente da Acripará
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